domingo, 29 de abril de 2012

Mãe Nanã Buruquê



Mãe Nanã Buruquê


A Orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida", já mais equilibrada.

A Orixá Nanã Buruquê rege uma dimensão formada por dois elementos, que são: terra e água. Ela é de natureza cósmica pois seu campo preferencial de atuação é no emocional dos seres que, quando recebem suas irradiações, aquietam-se, chegando até a terem suas evoluções paralisadas. E assim permanecem até que tenham passado por uma decantação complexa de seus vícios e desequilíbrios mentais.

Nanã forma com Obaluaiyê a sexta linha de Umbanda, que é a linha da Evolução. E enquanto ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar. Os Orixás Obá e Omulu são regidos por magnetismos “terra-pura”. Enquanto que Nanã e Obaluaiyê são regidos por magnetismos mistos “terra-água”. Obaluaiyê absorve essência telúrica e irradia energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental aquática, fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação elemental telúrica, que se torna “úmida”.

Já Nanã, ela atua de forma inversa: seu magnetismo absorve essência aquática e a irradia como energia elemental aquática: absorve o elemento terra e, após fracioná-lo em essência, irradia-o junto com sua energia aquática.

Estes dois Orixás são únicos, pois atuam em pólos opostos de uma mesma linha de forças e, com processos inversos, regem a evolução dos seres. Enquanto Nanã decanta e adormece o espírito que irá encarnar, Obaluaiyê o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético do espírito, já adormecido até o tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado.

Este mistério divino que reduz o espírito até o tamanho do corpo carnal, ao qual já está ligado desde que ocorre a fecundação do óvulo pelo sêmen, é regido por nosso amado pai Obaluaiyê, que é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro. Já nossa amada Mãe Nanã, envolve o espírito, que irá reencarnar, em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à anciência, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

Em outra linha da vida ela é encontrada na menopausa. No início desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim desta linha está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.

Nas “linhas da vida”, encontramos os Orixás atuando através dos sentidos e das energias. E cada um rege uma etapa da vida dos seres. Logo, quem quiser ser categórico sobre um orixá, tome cuidado com o que afirmar, porque onde um de seus aspectos se mostra, outros estão ocultos. E o que está visível nem sempre é o principal em uma linha da vida. Saibam que Nanã, em seus aspectos positivos forma pares com todos os outros treze Orixás, mas sem nunca perder suas qualidades “água-terra”.

Nanã é passiva e atrai todos os seres que não estão aptos a alcançar os estágios superiores. Ela recolhe, esgota suas doenças (vícios) e no barro do fundo de seu lago os assenta e os imobiliza até que decantem suas impurezas (emoções e sentimentos viciados) quando então estarão maleáveis como o barro (lodo) e prontos para serem recolhidos por Obaluaiyê que os remodelará e numa nova forma (encarnação) crescerão novamente.

Simbolicamente representamos Nanã com a meia-lua, ou lua minguante pois é também a forma de uma bacia ou lago onde os seres pesados afundarão e decantarão em seu fundo.


Fonte: Livro “O CÓDIGO DE UMBANDA”
Obra psicografada por Rubens Saraceni.

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