domingo, 29 de abril de 2012

Que canto você tem sido, boa para meditação, faz parte do hinário do Céu Nossa Senhora da Conceição
Filhos de Umbanda e o Santo Daime
Ogum
Filho da Rainha Yemanjá
Ponto Logum-Edé

Mestre Raimundo Irineu Serra



Raimundo Irineu Serra, (São Vicente Ferrer, 15 de dezembro de 1892 — 6 de julho de 1971), mais conhecido como Mestre Irineu, foi o fundador da doutrina religiosa do Santo Daime, que usa como sacramento a bebida chamada ayahuasca, batizada por ele de Daime, e associada a orações e cânticos (hinos) a diversas divindades. Caracteriza-se como um culto resultante da mistura das religiões e crenças dos três troncos étnicos formadores do povo e cultura brasileiros - indígenas, africanas e européias, mas onde predominam, no entanto, as deidades cristãs - o Deus Pai, Jesus Cristo e Nossa Senhora, e os adeptos da doutrina a consideram uma doutrina cristã.

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Mestre Irineu era filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção, e chegou ao estado do Acre com vinte anos. Afro-brasileiro de alta estatura, integrou o movimento migratório da extração do látex em seringais da Amazônia.
Em 1912 vai para Manaus, no Porto de Xapuri, onde reside por dois anos, indo trabalhar posteriormente nos seringais da Brasiléia durante três anos e, em seguida, em Sena Madureira, onde residiu por mais três anos.
De volta a Rio Branco, foi para a Guarda Territorial, chegando ao posto de Cabo e, em seguida, participou e passou no concurso para integrar a Comissão de Limites, entidade do Governo Federal que delimitava as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru, órgão este comandado pelo Marechal Rondon. E foi o próprio Rondon quem nomeou Irineu Tesoureiro da Tropa, um cargo de confiança.
Posteriormente, retornou à floresta e, de volta ao seringal, conheceu aquele que tornou-se um grande amigo: Antonio Costa.

[editar]A Doutrina da Floresta


Foi por meio de Antônio Costa que Irineu foi apresentado ao xamã peruano de nome Pisango, que realizava trabalhos com um chá de nome ayahuasca.
Não há muitos documentos que possam atestar a veracidade de muitos acontecimentos ligados a Raimundo Irineu Serra. Boa parte do conhecimento que se tem sobre a origem do Santo Daime e a vida de mestre Irineu foi passada por meio da tradição oral pelos mais antigos seguidores de sua doutrina. O relato que se segue abaixo é contado por muitos seguidores de Raimundo Irineu e também foi registrado no livro "Nosso Senhor Aparecido na Floresta", escrito pelo Daimista Lúcio Mortimer.
"Conta-se que quando foi convidado para tomar o chá, Irineu pensou:
Bom, eu vou tomar, se for coisa que me agrade, que me sirva, que dê nome ao homem, se for coisa de Deus, eu prometo levar para os meus amigos....
Participando da sessão, ao tomar a bebida, percebeu uma sensação diferente, um estremecimento interno, uma força estranha, e viu um enorme brilho no local.
Um dos participantes evocou o demônio para ganhar dinheiro, mas, ao invés de Irineu ver demônios, como afirmavam os caboclos, ele só viu a cruz cristã, de várias formas diferentes, uma cruz que percorreria o mundo inteiro. E percebeu que a bebida o conectava era com Deus.
Ao terminar a sessão, que contava com 12 pessoas, Dom Pisango exclamou:
'Só Raimundo Irineu entendeu esse trabalho e é quem tem a condição de levá-lo para frente. O resto vive iludido e só pensa em dinheiro.'
Ao amanhecer do dia, Antonio fala a Irineu sobre os componentes da bebida : um cipó e uma folha. No dia seguinte, quando Irineu trabalhava na extração do látex no seringal, viu os raios do Sol iluminando um grosso cipó, que sentiu ser o mesmo da bebida. E, perto de um igarapé onde costumava tomar água, viu um arbusto com frutinhas vermelhas, igual ao descrito por Antonio. Ao levá-los até sua casa, constatou tratarem-se mesmo das duas espécies vegetais mágicas: o cipó jagube e a folha chacrona.
Ao aprender o preparo, combinou com Antonio de, juntos, prepararem e tomarem a bebida. Porém, no dia marcado, Antonio não pode comparecer, e Irineu sozinho preparou três litros da bebida e a guardou para tomar junto com o amigo.
Combinaram numa Lua crescente, e ambos tomaram e sentiram a força da manifestação vegetal acompanhada de visões. Antonio contou a Irineu que, na sua visão, apareceu-lhe uma linda senhora, chamada Clara. Disse a Irineu que ela o protegia, desde a sua saída do Maranhão.
Após essa vivência, combinaram um novo encontro para a Lua cheia, no sábado seguinte. Nessa noite de Lua cheia, tomaram a bebida numa caneca grande. Irineu, após meia hora, sentiu náuseas e foi vomitar.
Aliviado, olhou para a Lua cheia e a viu aproximar-se dele, com todo o seu brilho resplandecente e prateado. Dentro da Lua, viu uma Senhora, de beleza incomparável, sentada num trono, que lhe disse :
'Você está escolhido para uma importante missão, mas para isso deverá alimentar-se por oito dias apenas de mandioca cozida, sem sal, abster-se de sexo e álcool, para que nos encontremos novamente.'
Após a dieta, ao tomar novamente a bebida, a visão da mulher apareceu-lhe novamente. Apresentou-se como a Rainha da Floresta, que Irineu compreendeu ser a própria Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira da Doutrina Santo Daime, que lhe entregou o Império Juramidam (Jura = Deus e Midam = Filho). Foi assim que, em 1930, fundou a doutrina e tornou-se o Mestre Irineu."
O Sr. Luis Mendes, contemporâneo do Mestre Irineu, conta que, numa das aparições da Rainha da Floresta, ela disse que lhe ensinaria a preparar uma série de garrafadas, para vários tipos de doenças, e o Mestre lhe suplicou :
Mas, Minha Senhora ! Não dá para colocar os poderes de cura das ervas juntos nessa bebida ?
Por essa razão, seus seguidores acreditam que a bebida possa trazer todo tipo de curas espirituais e físicas àqueles que a ingerirem.
Alguns anos depois, Raimundo Irineu Serra foi para a cidade de Rio Branco, onde começou a trabalhar com um pequeno círculo de discípulos. A fama de curador do Mestre Irineu espalhou-se pela capital acreana, sendo procurado por pessoas das mais diversas condições sociais e culturais. Foi filiado ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, onde recebeu honrarias, bem como à Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis.
Por fim, Mestre Irineu instalou-se, definitivamente, com sua família e um grupo de seguidores, na localidade denominada Alto Santo, onde trabalhou até falecer, ou "fazer sua passagem", como costumam dizer seus seguidores, em 6 de julho de 1971.
Para os seguidores das diversas linhas do Santo Daime, Mestre Irineu prossegue realizando suas curas, pois deixou suas mensagens canalizadas através de um conjunto de hinos (hinário), os quais acredita-se que foram inspirados pela Rainha da Floresta e outros seres divinos. Essas músicas são consideradas "canções de poder", que resgatam e transmitem - com uma linguagem simples e poética cabocla - os ensinamentos bíblicos.


Zélio Fernandino de Morais



Zélio nasceu em família tradicional de Neves, distrito de São Gonçalo. Em fins de 1908, então com dezessete anos de idade, Zélio preparava-se para o ingresso na carreira militar, na Marinha do Brasil, quando foi acometido por uma inexplicável paralisia, que os médicos não conseguiam debelar. Certo dia, ergueu-se no leito, declarando "Amanhã estarei curado!".
No dia seguinte, de fato, levantou-se normalmente e voltou a caminhar, como se nada lhe houvesse acontecido: os médicos não souberam explicar o ocorrido. Os seus tios, padres da Igreja Católica, surpreendidos, também não souberam explicar o fenômeno. Um amigo da família, então, sugeriu uma visita à Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro(então sediada em Niterói), presidida, na ocasião, por José de Souza.
Na ocasião, manifestou-se por intermédio de Zélio a entidade que se denominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, que anunciou a fundação de uma nova religião no Brasil, a Umbanda. Foi fundada, no dia seguinte, em virtude dessa manifestação, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
A partir de 1918, por orientação da mesma entidade espiritual, Zélio viria a fundar mais sete tendas de Umbanda:
  • Tenda Nossa Senhora da Guia (c. 1918)
  • Tenda Nossa Senhora da Conceição
  • Tenda Santa Bárbara
  • Tenda São Pedro
  • Tenda Oxalá
  • Tenda São Jorge (1935)
  • Tenda São Jerônimo (após 1935)
Aos 55 anos, passou a direção da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade para as suas filhas Zélia de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes Cunha (já mortas). Feito isso, fundou a Cabana de Pai Antônio, em Cachoeiras de Macacu, no estado do Rio de Janeiro.