domingo, 29 de abril de 2012

Que canto você tem sido, boa para meditação, faz parte do hinário do Céu Nossa Senhora da Conceição
Filhos de Umbanda e o Santo Daime
Ogum
Filho da Rainha Yemanjá
Ponto Logum-Edé

Mestre Raimundo Irineu Serra



Raimundo Irineu Serra, (São Vicente Ferrer, 15 de dezembro de 1892 — 6 de julho de 1971), mais conhecido como Mestre Irineu, foi o fundador da doutrina religiosa do Santo Daime, que usa como sacramento a bebida chamada ayahuasca, batizada por ele de Daime, e associada a orações e cânticos (hinos) a diversas divindades. Caracteriza-se como um culto resultante da mistura das religiões e crenças dos três troncos étnicos formadores do povo e cultura brasileiros - indígenas, africanas e européias, mas onde predominam, no entanto, as deidades cristãs - o Deus Pai, Jesus Cristo e Nossa Senhora, e os adeptos da doutrina a consideram uma doutrina cristã.

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Mestre Irineu era filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção, e chegou ao estado do Acre com vinte anos. Afro-brasileiro de alta estatura, integrou o movimento migratório da extração do látex em seringais da Amazônia.
Em 1912 vai para Manaus, no Porto de Xapuri, onde reside por dois anos, indo trabalhar posteriormente nos seringais da Brasiléia durante três anos e, em seguida, em Sena Madureira, onde residiu por mais três anos.
De volta a Rio Branco, foi para a Guarda Territorial, chegando ao posto de Cabo e, em seguida, participou e passou no concurso para integrar a Comissão de Limites, entidade do Governo Federal que delimitava as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru, órgão este comandado pelo Marechal Rondon. E foi o próprio Rondon quem nomeou Irineu Tesoureiro da Tropa, um cargo de confiança.
Posteriormente, retornou à floresta e, de volta ao seringal, conheceu aquele que tornou-se um grande amigo: Antonio Costa.

[editar]A Doutrina da Floresta


Foi por meio de Antônio Costa que Irineu foi apresentado ao xamã peruano de nome Pisango, que realizava trabalhos com um chá de nome ayahuasca.
Não há muitos documentos que possam atestar a veracidade de muitos acontecimentos ligados a Raimundo Irineu Serra. Boa parte do conhecimento que se tem sobre a origem do Santo Daime e a vida de mestre Irineu foi passada por meio da tradição oral pelos mais antigos seguidores de sua doutrina. O relato que se segue abaixo é contado por muitos seguidores de Raimundo Irineu e também foi registrado no livro "Nosso Senhor Aparecido na Floresta", escrito pelo Daimista Lúcio Mortimer.
"Conta-se que quando foi convidado para tomar o chá, Irineu pensou:
Bom, eu vou tomar, se for coisa que me agrade, que me sirva, que dê nome ao homem, se for coisa de Deus, eu prometo levar para os meus amigos....
Participando da sessão, ao tomar a bebida, percebeu uma sensação diferente, um estremecimento interno, uma força estranha, e viu um enorme brilho no local.
Um dos participantes evocou o demônio para ganhar dinheiro, mas, ao invés de Irineu ver demônios, como afirmavam os caboclos, ele só viu a cruz cristã, de várias formas diferentes, uma cruz que percorreria o mundo inteiro. E percebeu que a bebida o conectava era com Deus.
Ao terminar a sessão, que contava com 12 pessoas, Dom Pisango exclamou:
'Só Raimundo Irineu entendeu esse trabalho e é quem tem a condição de levá-lo para frente. O resto vive iludido e só pensa em dinheiro.'
Ao amanhecer do dia, Antonio fala a Irineu sobre os componentes da bebida : um cipó e uma folha. No dia seguinte, quando Irineu trabalhava na extração do látex no seringal, viu os raios do Sol iluminando um grosso cipó, que sentiu ser o mesmo da bebida. E, perto de um igarapé onde costumava tomar água, viu um arbusto com frutinhas vermelhas, igual ao descrito por Antonio. Ao levá-los até sua casa, constatou tratarem-se mesmo das duas espécies vegetais mágicas: o cipó jagube e a folha chacrona.
Ao aprender o preparo, combinou com Antonio de, juntos, prepararem e tomarem a bebida. Porém, no dia marcado, Antonio não pode comparecer, e Irineu sozinho preparou três litros da bebida e a guardou para tomar junto com o amigo.
Combinaram numa Lua crescente, e ambos tomaram e sentiram a força da manifestação vegetal acompanhada de visões. Antonio contou a Irineu que, na sua visão, apareceu-lhe uma linda senhora, chamada Clara. Disse a Irineu que ela o protegia, desde a sua saída do Maranhão.
Após essa vivência, combinaram um novo encontro para a Lua cheia, no sábado seguinte. Nessa noite de Lua cheia, tomaram a bebida numa caneca grande. Irineu, após meia hora, sentiu náuseas e foi vomitar.
Aliviado, olhou para a Lua cheia e a viu aproximar-se dele, com todo o seu brilho resplandecente e prateado. Dentro da Lua, viu uma Senhora, de beleza incomparável, sentada num trono, que lhe disse :
'Você está escolhido para uma importante missão, mas para isso deverá alimentar-se por oito dias apenas de mandioca cozida, sem sal, abster-se de sexo e álcool, para que nos encontremos novamente.'
Após a dieta, ao tomar novamente a bebida, a visão da mulher apareceu-lhe novamente. Apresentou-se como a Rainha da Floresta, que Irineu compreendeu ser a própria Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira da Doutrina Santo Daime, que lhe entregou o Império Juramidam (Jura = Deus e Midam = Filho). Foi assim que, em 1930, fundou a doutrina e tornou-se o Mestre Irineu."
O Sr. Luis Mendes, contemporâneo do Mestre Irineu, conta que, numa das aparições da Rainha da Floresta, ela disse que lhe ensinaria a preparar uma série de garrafadas, para vários tipos de doenças, e o Mestre lhe suplicou :
Mas, Minha Senhora ! Não dá para colocar os poderes de cura das ervas juntos nessa bebida ?
Por essa razão, seus seguidores acreditam que a bebida possa trazer todo tipo de curas espirituais e físicas àqueles que a ingerirem.
Alguns anos depois, Raimundo Irineu Serra foi para a cidade de Rio Branco, onde começou a trabalhar com um pequeno círculo de discípulos. A fama de curador do Mestre Irineu espalhou-se pela capital acreana, sendo procurado por pessoas das mais diversas condições sociais e culturais. Foi filiado ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, onde recebeu honrarias, bem como à Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis.
Por fim, Mestre Irineu instalou-se, definitivamente, com sua família e um grupo de seguidores, na localidade denominada Alto Santo, onde trabalhou até falecer, ou "fazer sua passagem", como costumam dizer seus seguidores, em 6 de julho de 1971.
Para os seguidores das diversas linhas do Santo Daime, Mestre Irineu prossegue realizando suas curas, pois deixou suas mensagens canalizadas através de um conjunto de hinos (hinário), os quais acredita-se que foram inspirados pela Rainha da Floresta e outros seres divinos. Essas músicas são consideradas "canções de poder", que resgatam e transmitem - com uma linguagem simples e poética cabocla - os ensinamentos bíblicos.


Zélio Fernandino de Morais



Zélio nasceu em família tradicional de Neves, distrito de São Gonçalo. Em fins de 1908, então com dezessete anos de idade, Zélio preparava-se para o ingresso na carreira militar, na Marinha do Brasil, quando foi acometido por uma inexplicável paralisia, que os médicos não conseguiam debelar. Certo dia, ergueu-se no leito, declarando "Amanhã estarei curado!".
No dia seguinte, de fato, levantou-se normalmente e voltou a caminhar, como se nada lhe houvesse acontecido: os médicos não souberam explicar o ocorrido. Os seus tios, padres da Igreja Católica, surpreendidos, também não souberam explicar o fenômeno. Um amigo da família, então, sugeriu uma visita à Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro(então sediada em Niterói), presidida, na ocasião, por José de Souza.
Na ocasião, manifestou-se por intermédio de Zélio a entidade que se denominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, que anunciou a fundação de uma nova religião no Brasil, a Umbanda. Foi fundada, no dia seguinte, em virtude dessa manifestação, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
A partir de 1918, por orientação da mesma entidade espiritual, Zélio viria a fundar mais sete tendas de Umbanda:
  • Tenda Nossa Senhora da Guia (c. 1918)
  • Tenda Nossa Senhora da Conceição
  • Tenda Santa Bárbara
  • Tenda São Pedro
  • Tenda Oxalá
  • Tenda São Jorge (1935)
  • Tenda São Jerônimo (após 1935)
Aos 55 anos, passou a direção da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade para as suas filhas Zélia de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes Cunha (já mortas). Feito isso, fundou a Cabana de Pai Antônio, em Cachoeiras de Macacu, no estado do Rio de Janeiro.

Caboclos



A Umbanda tem nos caboclos uma de suas linhas de trabalhos espirituais. A linha de caboclos é formada por milhões de espíritos, todos incorporados às hierarquias espirituais regidas pelosOrixás menores, o primeiro grau da hierarquia dos Tronos Naturais.

Espíritos oriundos de todas as religiões, com as mais diversas formações teológicas e mesmo culturais, têm se integrado às linhas de caboclo realizando um trabalho de caridade, doutrinação e espiritualização junto aos seus afins encarnados.

Saibam que o Ritual de Umbanda Sagrada congrega em seus colégios magnos, existentes no astral, espíritos oriundos de todas as religiões, inclusive muitas que já cumpriram suas missões no plano material, mas continuam ativas no lado espiritual da vida, onde têm planos espirituais só seus e destinados a acolher seus afins que reencarnaram.

O que foi codificado é que as religiões antigas teriam a oportunidade de criar linhas de trabalhos espirituais e magísticas, que atuariam sob a regência dos Orixás, mas recorreriam aos seus próprios conhecimentos e aos mistérios das divindades intermediárias que os regiam.

Assim surgiram muitas linhas de trabalhos, e todas foram englobadas no grau de linhas de caboclos, de preto-velhos, de Exus e de Pomba- Giras.

Nas linhas de caboclo muitas religiões estão presentes, e, só como exemplo, temos a linha de Caboclos do Fogo, que é toda formada por “magos” do fogo adoradores de “Agni”, e temos a linha de Caboclos "Tupã”, formada por pajés adoradores de Tupã, que é Deus para os índios brasileiros.

- Agni é Deus na Índia, para os hindus que o cultuam com esse nome.
- Tupã é Deus no Brasil, para os índios que o cultuam com esse nome.

O simbolismo e a analogia regularam à denominação das linhas de trabalhos espirituais, e todos os espíritos incorporados a elas, venham da religião que for, preservarão o culto e a reverência aos nomes iorubas das divindades, já que tanto o Deus hindu Agni quanto o Orixá africano Xangô são o mesmo Trono da Justiça Divina mas adaptado a dois povos, duas culturas e duas formas de cultuá-lo e adorá-lo.

A divindade planetária regente da Justiça Divina é uma só mas manifestou-se de forma diferente para povos e culturas diferentes. Logo, como a Umbanda, fundamentou-se na teogonia iorubá, espíritos cuja formação religiosa processou-se na Índia, quando incorporados trabalham com nome de Xangô, o Orixá da Justiça Divina.

Com isso ordenou-se a religião e a religiosidade dos umbandistas, pois um médium sabe que seu mentor é um espírito cuja última encarnação ocorreu na Índia, mas manifesta-se quando cantam para Xangô, ou para Oxóssi, ou para Ogum, pois mesmo os hindus são regidos pelos Sete Orixás Ancestrais ou Sete Tronos Essenciais que não pertencem a esta ou àquela religião e povo, mas, sim, estão na ancestralidade de todos os espíritos.

Portanto, os espíritos que são incorporados, só são nas linhas cuja divindade ou Orixá seja regente ancestral.

Assim, se na ancestralidade de um caboclo está o elemento fogo, quem o rege é Xangô; e se está o elemento mineral, quem o rege é Oxum, etc. E sua linha de trabalhos espirituais atuará no campo do Orixá que está dando amparo divino à atuação dos espíritos que se apresentam com o seu nome simbólico.

Não vamos dar todos os nomes das linhas de trabalhos, mas só algumas:

-Linha de Caboclos Sete-Montanhas, regidos por Xangô
-Linha de Caboclos Sete-Espadas, regidos por Ogum
-Linha de Caboclos Cruzeiro, regidos por Obaluaiyê
-Linha de Caboclos Sete-Pedras, regidos por Oxum
-Linha de Caboclos das Matas, regidos por Oxossi, etc.

Mas temos linhas mistas ou regidas por mais de um orixá:

-Linha de Caboclos Sete-Flechas, regidos por Oxóssi e Yansã
-Linha de Caboclos Sete-Pedreiras, regidos por Xangô e Yansã
-Linha de Caboclos Cobra-Coral, regidos por Ogum, Xangô, Yansã, Oxóssi.

Nestas linhas, e em todas as outras, são incorporados milhares de espíritos cujas religiões não eram a ioruba nem a indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporar bem características, que todos reconhecem quando incorporam para trabalhar, diferenciando-os dos pretos-velhos.

A última religião de um espírito pouco importa, pois na Umbanda ele reverenciará os Orixás aos quais já servia, só que com outro nome.

Afinal, Deus é único, o Trono regente do nosso planeta em seu todo também é único. E os quatorze Tronos Planetários Naturais (os nossos Orixás) também são únicos, ainda que sejam cultuados com muitos nomes.

Fonte: Livro “UMBANDA SAGRADA”
Obra de Rubens Saraceni

Pretos Velhos



Preto Velho vem... vem de Aruanda... firma seu ponto com arruda e guiné... Em seu terreiro ele não perde o seu nome... em seu Congá ele não perde a sua Fé... Saravá aos Pretos e Pretas Velhas ... Salve Vovós e Vovôs.

Atrelado à comemoração da libertação dos escravos no Brasil, no mês de Maio a maioria dos terreiros de Umbanda saúda essa amada linha de trabalho que tanta Luz derrama em nossas vidas. Ao vê-los arqueados em suas manifestações, sempre simples e humildes mas não por isso servientes, não vemos a grandiosidade de seu campo de atuação: que é vastíssimo enquanto Manifestação Divina. Formada por falanges inteiras de espíritos que de alguma forma estão ligados à Evolução pelos Sentidos, trazem em sua força de trabalho a palavra amiga, o consolo, a tranqüilidade característica dos que trabalham pela evolução da humanidade.

Chamada de Linha das Almas por muitos, não deixa de ser verdade. Vemos muitos Vovôs e Vovós que respondem por nomes simbólicos de suas falanges ligadas ao Cruzeiro, por exemplo: Vovó Joana do Cruzeiro... Cruzeiro é um mistério ligado ao Trono da Evolução, Pai Obaluaiyê. Mas também ligado pelo símbolo da cruz ao Trono da Fé, Pai Oxalá. Mas isso não impede que haja manifestação de entidades ligadas a outras irradiações. Há ainda dentro da Umbanda a resistência de alguns médiuns quando são intuídos pelos seus guias, quanto a seus nomes simbólicos de trabalho, senão com certeza teríamos muitos “Pai João da Terra”, ou “Pai Joaquim das Águas e porque não Vovó Catarina do Fogo Divino”.

Identificam-se pela sua origem africana como do Congo, de Angola, de Guiné, que dizem respeito a sua linha de trabalho e campo de atuação. Marcada pela presença do Negro na Umbanda. De forma nenhuma a religião poderia deixar de homenagear suas origens afro e também a raça que permitiu que muitos espíritos semeadores da nova religião pudessem encarnar no Brasil sem chamar muita atenção.

A primeira manifestação relatada da Linha dos Pretos Velhos, é descrita na história de Pai Zélio de Moraes : no dia em que houve a manifestação do Sr. Caboclo das 7 Encruzilhadas, na casa que em seguida seria batizada de Nossa Sra. da Piedade, nesse mesmo dia houve a manifestação de Pai Antônio. O espírito do ex-escravo ali incorporado parecia sentir-se nada à vontade. Curvado, alquebrado, evitou ficar na mesa.

“-Nêgo num senta não, sinhô ... Nêgo fica aqui mermo... Isso é coisa de sinhô branco, i nêgo deve arrespeitá. Nêgo fica aqui nu toco, qui é o lugá di nêgo”.

Estava firmada ali, a presença do Preto Velho na Umbanda. E esse trejeito humilde, simples, honesto, sem pedir nada em troca, sempre em nome do Pai Criador, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, essa naturalidade cativa dia a dia os filhos de Umbanda e todos aqueles que procuram ajuda nos templos. E se em suas manifestações trazem plasmadas as formas de suas existências como escravos, saibam que essas falanges acolhem muitos e muitos espíritos afins com suas vibrações de Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Sabedoria e Vida, que não necessariamente foram escravos em suas existências anteriores.

A naturalidade de um Preto-Velho é indescritível. É algo que sentimos, e se de coração aberto estivermos para absorvê-la como benção, então durará muito em nosso íntimo. Ao ver um Preto-Velho em terra, pitando seu cachimbo, sentado em seu banquinho, não tenha vergonha, ajoelhe-se e peça sua benção. Com certeza ele está ali, em seu banquinho, baixinho perto do chão, para que segurando em nossas mãos clamem ao criador bênçãos de Paz, Saúde, Harmonia, Prosperidade e Fé, muita Fé!

Saravá Senhores e Senhoras das Correntes de Pretos Velhos!
Axé!
Salve as Almas! 
Vossa Benção!

TEXTO EXTRAÍDO DO JUS- JORNAL DE UMBANDA SAGRADA (Adriano Camargo)

Erês- As Crianças



Por ser uma linha fechada em seus mistérios, não há muito a ser dito sobre a linha das crianças.

Assim como os caboclos vêm na irradiação de Oxóssi, desenvolvendo seus trabalhos nas linhas de força ativa. São trazidos por Oxalá, Yemanjá, Oxum, etc., os espíritos na forma de crianças para atuarem nas linhas de força dos elementos.

Essas “crianças” possuem as características do elemento em que atuam.
Se trabalham sob a influência do Ar, são alegres e expansivas:
Se são da linha do elemento Fogo, são irritáveis facilmente
Se são da Terra, são caladas
Se são da linha de Iemanjá ou Oxum, são carinhosas, melodiosas no falar.

Um elemental é puro quando não comporta os defeitos típicos dos humanos. Mas isso não quer dizer que não possua uma força ativa que possa ser colocada a serviço da humanidade.

Muitas entidades, que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito antigas e trazem consigo grandes poderes que escapa à nossa imaginação. Entretanto pelo fato de não serem levadas a sério, o seu poder de ação fica oculto.

O Orixá das “crianças” ou Erês, é um Guardião de um Ponto de Força do Reino Elementar, e atua sobre toda a humanidade, sem distinção de credos religiosos. Verificamos que em toda a história, grandes mestres da pintura deixaram legado à humanidade obras valiosas com figuras de anjos infantis retratando-os com sensibilidade e demonstrando suas formas com grande pureza.

Trabalham na linha de Umbanda Sagrada como conselheiros e curadores, com uma pureza peculiar das crianças, fazem seu trabalho com satisfação e alegria.

Aí está a essência! Como guardiões dos pontos de força do reino elementar, executam seus trabalhos com fortes e puras irradiações na sua origem. Por isso mesmo têm grande facilidade em curar muitas doenças, desde que estas possam ser tratadas com o seu elemento ativo.

Por isso foram identificados como Cosme e Damião, santos cristãos curadores que trabalham com a magia dos elementos, e como Ibeji, gêmeos encantados do Ritual Africano Antigo.

Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões, preferindo as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Por isso são considerados curadores.

Os espíritos que atuam no reino elementar puro, utilizam-se de nomes que através dos mesmos podemos identifica-los, e ao elemento que utilizam.

Na Umbanda a “corrente” das crianças é formada por seres “encantados” masculinos e femininos. Estes seres encantados são nossos irmãos mais novos e mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consultas, pois nos alertam sobre os mesmos. Sendo assim, demonstram com sutileza que possuem noções de do que é certo e do que é errado.

Eles manipulam as energias elementares e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem.

Na Umbanda, o “mistério criança” é regido pelo Orixá Oxumaré, que é o Orixá da renovação da vida nas dimensões naturais.

Fonte: Livro “ Teologia de Umbanda
Obra de Rubens Saraceni.

Marinheiro



São espíritos alegres e cordiais que gostam de imitar os marujos nos tombadilhos dos navios em dias de tempestade.

Na verdade, são seus magnetismos aquáticos que lhes dão a impressão de que o solo está se movendo sob seus pés. Fato este que os obriga a se locomoverem para a frente e para trás, tal como fazem as sereias quando incorporam em suas médiuns.

Os marinheiros são realmente espíritos de antigos piratas, marujos, guardas-marinhos, pescadores e capitães do mar.

São regidos por Yemanjá e Oxalá, mas atuam também sob a irradiação de todos os orixás.

Trabalham dando a impressão de que estão “bêbados” e gostam de tomar Rum enquanto dão consultas. Mas devemos doutriná-los e servir-lhes só o mínimo necessário para regularem seus magnetismos e permanecerem “equilibrados” enquanto atendem às pessoas.

São ótimos para casos de doenças, para cortar demandas e para descarregar os locais de trabalhos espirituais.

Fonte: Livro “UMBANDA SAGRADA”
Obra de Rubens Saraceni.

Baianos



Os fundadores da Umbanda são caboclo e preto-velho, que no astral fizeram escola, com o tempo se assentaram ao seu lado outros povos de trabalho, vemos hoje muito bem assentados dentro do contexto Umbandista as figuras do boiadeiro, marinheiro, baiano e cigano além das crianças, exú e pomba-gira.

Todos são excelentes trabalhadores e cada “grupo de trabalho” tem a sua maneira de atuar no astral. A linha de trabalho (povo a que pertence) e o nome que eles carregam representa respectivamente o grau e a força em que a entidade guia está assentada.

No caso os Baianos formam uma corrente de entidades que ao desencarnar, apesar da afinidade com o culto ao Orixá (muitos foram sacerdotes), não tinham o grau de preto-velho, estabeleceram uma egrégora de trabalhadores do astral que com o tempo reconhecida pela Umbanda passaram a ter a oportunidade do trabalho ativo e incorporante, acharam por bem batizar como linha dos Baianos como homenagem a origem dos primeiros formadores desta corrente e a Terra que tão bem acolheu o Orixá no Brasil.

São muito ativos, despachados e descontraidos. Bons orientadores e doutrinadores, tem facilidade em lidar com o desmanche dos trabalhos de kimbanda e magia negra. Usam colares de cocos e sementes. Tendo na sua forma de trabalhar muito das qualidades de Iansã, por serem movimentadores e irriquietos, combinam esta forma de trabalhar com sua natureza onde cada um se mostra regido por um Orixá diferente assim trazendo para a gira a força das sete linhas da Umbanda.

Suas oferendas podem ser feitas ao pé de um coqueiro ou no ponto de força do Orixá que rege o baiano a ser oferendado. Gostam de festas, comidas tipicas da Bahia e batida de côco.

Como comprimento dizemos simplesmente: “É da Bahia meu Pai... Salve a Bahia” ou simplesmente “Salve os baianos”.

Texto extraído do JUS – JORNAL DE UMBANDA SAGRADA

Boiadeiros



Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus e, numa transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.

Essa é a interpretação mais aceitável, pois muitos desse espíritos que hoje se manisfetam nesta linha de trabalhos espirituais realmente já trabalharam sob a irradiação do mistério Exu, que os acolheu e direcionou, pois na Umbanda Sagrada Exu é mais um dos seus graus evolutivos.

Mas muitos desses caboclos boiadeiros nunca foram Exus e sim, atuam nas linhas cósmicas dos sagrados orixás e são regidos por Ogum e por Oyá e seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e o tempo ou as Campinas (Oiá).

São espíritos hiperativos que atuam como refreadores do baixo-astral e são aguerridos, demandadores e rigorosos quando tratam com espíritos trevosos.

O símbolo dos boiadeiros é o laço e o chicote, que são suas armas espirituais e são verdadeiros mistérios, tal como são as espadas, as flechas e outras “armas” usadas pelos espíritos que atuam como refreadores das investidas das hostes sombrias formadas por espíritos do baixo-astral.

É uma linha muito poderosa e muito numerosa no mundo espiritual e seus caboclos atuam nassete linhas de Umbanda.

Os Orixás que regem o mistério boiadeiros são Ogum e Oyá.
Eles são descritos como Caboclos da Lei que atuam no tempo ou Caboclos do Tempo que atuam na irradiaçao da lei.
trecho do Livro: “UMBANDA SAGRADA”
Obra de Rubens Saraceni.

Ciganos



Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, no entanto poucos se deram ao trabalho de estudá-la e divulgá-la como mais uma das nossas linhas ou correntes espirituais.

É uma linha especifica, pois tem seus rituais e fundamentos adaptados à Umbanda, já que eles remontam a um passado multimilenar e estão ligados ao próprio povo cigano, cuja origem parece ser do antigo Egito, segundo algumas informações, ou originários da Europa segundo outros ou da Índia segundo outros mais.

Mas a origem não é importante para o nosso estudo e sim o que estes espíritos realizam como corrente espiritual voltada para o plano matéria.

O povo cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus ritos coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.

É uma linha espiritual em franca expansão e temos até linhas de esquerda cigana, como a Senhora Pomba-Gira Cigana.
 Recebem irradiação de Mãe Egunitá

Parte do texto retirado do Livro: “ UMBANDA SAGRADA”
Obra de Rubens Saraceni.

Senhores Exus




Trazido da África como Orixá, logo se destacou como o mensageiro dos outros Orixás, sendo oferendado sempre em primeiro lugar para que não atrapalhasse e nem criasse confusão durante a engira. Tinha na África como símbolo um falo ereto, representando o seu vigor, sim esta é a chave da correta interpretação de seu mistério pois enquanto “elemento” é ele quem vitaliza os demais, não se assenta exatamente em uma linha de Umbanda, mas para ela se manifesta em todas dando a sustentação para as linhas de esquerda masculina pois todos Orixás e Guias tem seus Exús correspondentes, Exús de Oxalá, de Oxúm, de Yansã, de Omulú.

Logo são vitalizadores ou desvitalizadores da fé, do amor, da ordem, da geração e pasmem não trabalham por “desejo” ou “vontade própria” e sim pela vontade da lei maior e de seus consulentes, e é aí que entra seu par natural Pomba-Gira esbanjando desejos e vontades, que por si só não se realizam sem a vitalidade. Elas trazem este elemento do desejo para nossas vidas, desejo de viver, trabalhar, estudar.

Cada um de nós médiuns tem pelo menos três Exús, um Guardião da nossa esquerda que raramente se manifesta e tem relação com nosso Orixá Ancestral, um Exú de trabalho que normalmente incorporamos com relação ao Orixá de Juntó, e um natural que nunca incorporamos relacionado ao Orixá de Frente. Já quem não trabalha tem apenas o natural que não incorpora e atua através de terceiros pela lei maior.

O campo de atuação de Exú é vasto, visto que responde religiosamente e magisticamente. “Sem Exú na Umbanda não se faz nada” uma vez que não aprendemos a lidar com as forças das trevas, para o nosso próprio bem, por vez quem as manipula é Exú e Pomba-gira através da Lei Maior . Respondem por nomes simbólicos, das suas linhas de trabalho, os quais revela seu campo de atuação e a qual Orixá respondem através da Lei onde:

Exú 7 montanhas, 7 = sete linhas, montanha = xangô, trabalha nos sete sentidos da vida pela justiça de xangô.

Exú corta-fogo, corta = espada, fogo = xangô, ordenando os campos da justiça.

Exú sete encruzilhadas, sete encruzilhadas é fator de oxalá para as sete linhas, logo é um Exú que trabalha nos sete sentidos da vida através da sua fé e convicções.

Todos eles atuando no sentido de vitalizar ou desvitalizar o que se encontra em seu campo de atuação.

TEXTO EXTRAÍDO DO JUS – JORNAL DE UMBANDA SAGRADA (Alexandre Cumino)